Resenhas

A Maldição do Olhar – Jorge Miguel Marinho

A Maldição do Olhar

Edição: 1
Editora: Biruta
ISBN: 9788588159945
Ano: 2008
Páginas: 120

Às vezes, numa história de suspense, o assassino está na cara do leitor e o leitor não vê. Acreditar com tudo nessa pista é a chave para desvendar o mistério desse livro. Uma novela policial que encanta e ao mesmo tempo provoca um sentimento de pavor. 

O mundo está de cabeça para baixo em A Maldição do Olhar, os vampiros são as vítimas, Alice abandonou o País das Maravilhas, o universo dos imortais já não é tão imortal assim e o perigo está sempre aqui: dentro da história e bem do lado do leitor. 

Jorge Miguel Marinho, um dos escritores mais premiados da Literatura Brasileira, surpreende mais uma vez pelo lirismo de situações comoventes, pelo erotismo que é capaz de aproximar rivais, pelo sentido da solidariedade que pode unir seres reais e imaginários, pela violência que paira no ar, pelo humor que subverte a falsa seriedade dos mortais, pelo realismo mágico que mostra que o verdadeiro fantástico está no real. 

Sonho com acontecimentos do dia-a-dia, realidade com ficção, tudo muito bem focado numa história de amor impossível e muito bem conduzida por uma sucessão de crimes tão surpreendente que a próxima vítima pode ser até o próprio leitor.

proibido

Introdução

O livro A Maldição do Olhar vai contar a história de Alê, um vampiro adolescente e Alice (sim, a Alice do País das Maravilhas). Ambos os personagens estão em transição. Se conhecem ao acaso, porém ambos passam por situações parecidas e características desse desenvolvimento. Alê não sabe se a imortalidade é o que deseja e Alice não aguenta mais o País das Maravilhas e quer voltar ao mundo real. Alice recorre a Alê. Porém, o mundo dos vampiros é totalmente diferente de como conhecemos em outras histórias. É um grupo de minoria e que sofre vários tipos de preconceitos. Há um caçador de vampiros a solta e Alê e sua família temem isso.

Narrativa

A narrativa é bastante objetiva. Os vampiros são bastante frágeis, vivem a margem e os humanos os caçam constantemente. A fragilidade de Alê é ainda mais explorada, pois sua incerteza faz com que isso seja ainda mais representativo na própria construção do personagem. Alice é praticamente uma voyeur de Alê, tudo muda quando ele sente que alguém o observa e a comunicação dos dois acontece. O livro é curto o suficiente para que o passeio seja pequeno o suficiente para não nos entregarmos e sermos imersos na narrativa. Ao ler, me senti uma mera expectadora do que ocorria.

Diagramação

Mais uma diagramação impecável da editora. A Casa Rex é um dos estúdios de design mais famosos do Brasil. Nesse livro, não foi diferente. Imagens, letras e a capa em si são lindas. Como sempre, elas trabalham de modo inconsciente, trazendo ao leitor uma referência imagética do que é proposto no livro.

Quote favorito

“Nos momentos de descanso, Alice falava mais do País das Maravilhas e confessava os seus desejos com os lábios tão ansiosos que pareciam duas conchas duras e azuis: 

Ficar dentro do sonho não tem importância nenhuma. A maior aventura é trazer o sonho para as coisas reais.” – 73

Considerações Finais

A maldição do olhar tem o tempero certo. Um tempo de deixar o leitor curioso e ao mesmo tempo satisfeito. Um livro sensível e doce, pois a delicadeza com o qual os personagens são criados é o diferencial. O livro embora tenha um público alvo, ele acaba por cativar várias idades. Quem na infância não leu Lewis e se encantou? O livro trabalha de forma metafórica o amadurecimento de seus personagens.  Usa ícones imagéticos como o espelho para abordar o tema de Narciso e da auto descoberta. É um livro curto, mas que tem muito conteúdo. Pensamentos e questionamentos pós livro, não acontecem. O livro não deixa lacunas. Mas é uma aventura bem diferente da qual estou acostumada. Uma boa viagem na companhia de personagens bem estruturados.

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Aymée Meira
Aymée, mas pode me chamar de Amy. Adora um bom café, filmes (já perdi a conta de quantos vi) e livros dos mais diversos gêneros, incluindo eles Stephen King, Agatha Christie, Joe Hill, Harlan Coben e Tess Gerritsen.

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1 Comentário

  1. que louco!! Alice do país das maravilhas e vampiros?! e de um autor brasileiro?! cara, preciso ler esse livro. achei ótimo essa mistura, com todas as peculiaridades que tem no livro. não gostei muito da capa, mas fiquei curiosa pra ler esse livro.

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