Resenhas

A Pianista – Elfriede J.

A Pianista

ISBN: 9788564406056
Ano: 2011 / Páginas: 336
Editora: Tordesilhas

Publicado em 1983, o romance A pianista foi um gerador instantâneo de polêmicas, sobretudo pela forma direta pela qual expõe as perversões sexuais da protagonista e sua conturbada relação com a mãe. Além disso, foi sentido como um soco no estômago pela moral da classe média austríaca, um triste prenúncio dos escândalos que temos acompanhado ultimamente, como entende o apurado posfácio de Marcelo Backes.
A escrita envolvente de Jelinek, com seu ritmo e idiossincrasia próprios, transportados com maestria ao português por Luis S. Krausz, narra em ordem não linear a história de Erika Kohut, concertista frustrada que se limita a dar aulas de piano no Conservatório de Viena. Aos 36 anos, Erika ainda mora na casa da mãe, com quem divide a mesma cama. A relação das duas é, ao mesmo tempo, de dependência e ódio. Em uma das primeiras passagens do romance, vemos uma luta que transcende o jogo de nervos e se torna física; por fim, Erika arranca um tufo dos cabelos da mãe. No transcorrer do romance, surge entre as duas o pior pesadelo para a mãe: um homem que se apaixona pela filha, Walter Klemmer, estudante de música. A devoção de Klemmer é manipulada por Erika, que faz dessa paixão uma neurótica relação masoquista – registrada numa carta em que a pianista pede para ser torturada pelo jovem –, enquanto deflagra uma guerra doméstica contra a mãe.

Introdução

Foi uma literatura que me causou curiosidade instantânea desde que tive conhecimento de tal obra. Adoro ler polêmicas, elas fazem parte do meu interesse. O tema do livro e pesado e em vários momentos o psicológico vem à tona, o que mais me cativou.

Em A Pianista, Erika é uma mulher de 36 anos, trabalha dando aulas de piano no Conservatório de Viena. Erika tem uma relação complicada e pra lá de conturbada com sua mãe, além de morarem na mesma casa, dividem a mesma cama. Walter Klemmer é um estudante de música que se apaixona por Erika e a mesma, estabelece uma relação de masoquismo enquanto vive em constante guerra com sua mãe.

 

Sobre Elfriede Jelinek

Foto -Elfriede Jelinek

Simultaneamente política e feminista, Elfriede Jelinek cria uma linguagem muito própria que utiliza como arma artística e estética contra os males e vícios das sociedades modernas – a exclusão das diferenças, os abusos de poder e os pesos sociais que asfixiam, esmagam e destroem.
Jelinek inscreve-se na tradição literária austríaca junto de grandes e polêmicos autores, tais como Karl Kraus e Thomas Bernhard. Tal como eles, foi considerada pornográfica e traidora da pátria, tendo recebido ameaças e desprestígio. Apesar disso, tem sido, ao longo da sua carreira, agraciada com múltiplos prêmios literários incluindo o Nobel de Literatura de 2004. A Academia Sueca destacou seu “fluxo musical de vozes e contra-vozes em novelas e peças que, com extraordinário zelo linguístico revela o absurdo dos clichés da sociedade e seu poder de subjugo”.

Site oficial

Capas pelo mundo

 

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Narrativa

 Erika sempre teve uma vida vigiada pela mãe. A mãe de Erika sempre foi bem rígida com ela desde pequena, enquanto as crianças “comuns” brincavam, Erika passava o dia praticando piano. Qualquer coisa que faça que não é desejo de sua mãe, ela é violentada. A narrativa é um tanto quanto dura, mas não é tão distante de muitas mães que acabam passando a vivenciar os sonhos através dos filhos. É um livro que diretamente critica essa dependência constante de olhares reprovatórios ou aprovatórios. O lado comportamental é muito explorado e bem descrito pela autora. Erika se mostra ser fria após anos de repreensão. O maior medo da mãe ocorre quando Erika se apaixonada por um aluno, sendo assim, constantes brigas ocorrem. Cenas repulsivas de autoflagelo são comuns, é a sua válvula de escape. O não e dizer e o não poder agir.
Se você espera se encantar com algum dos personagens, logo adianto que isso será quase impossível. É um livro sem pudor. Com trechos de vulgaridade e nada sutil.

Diagramação

O trabalho gráfico da Tordesilhas está ótimo. O livro conta com um posfácio igualmente interessante. Embora as capas internacionais tenham múltiplas metáforas e analogias, gostei muito da proposta da edição brasileira,  a minha favorita.

Considerações Finais

A Pianista não é um livro pra se morrer de amores. De fato, não vai. Mas a ousadia e a inteligência ganham destaque na obra. É preciso ter uma visão aberta diante de toda a situação e confronto.

O livro tem uma adaptação cinematográfica feita por Michael Hanecke em 2001.
 

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Aymée Meira
Aymée, mas pode me chamar de Amy. Adora um bom café, filmes (já perdi a conta de quantos vi) e livros dos mais diversos gêneros, incluindo eles Stephen King, Agatha Christie, Joe Hill, Harlan Coben e Tess Gerritsen.

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