Combateremos a Sombra – Lídia Jorge
Combateremos a Sombra
Lídia Jorge
ISBN: 9788544101186
Ano: 2014 / Páginas: 464
Editora: LeYa
Retrato de um Portugal tão invisível quanto atual, Combateremos a sombra conta a história de Osvaldo Campos, um psicanalista que, numa noite de inverno, é visitado por um antigo paciente que lhe traz uma mensagem, cujo sentido nunca conseguirá decifrar. Nessa mesma noite, ele perde uma mulher e ganha outra. E, à sua volta, o real começa a se entrelaçar, à semelhança das histórias que lhe são narradas no silêncio do consultório, enquanto uma de suas pacientes, Maria London, tem em seu poder a chave da revelação de uma realidade clandestina de dimensões incalculáveis.
Estamos perante um livro inquietante e pleno de mistério, que explora os meandros da alma humana e avisa sobre o destino dos homens. Uma tensão psicológica que conduz o leitor a um lugar de observação único, pela mão de uma escritora de excelência que nos mostra que nada de mais real existe do que o onírico, e nada de mais fantástico do que o real.
Introdução
Em Combateremos a Sombra, Osvaldo é um psicanalista que divide seu tempo entre lecionar e atender pacientes em sua clínica. Ele deixa sua vida familiar em segundo plano, ou seja seu filho e sua esposa Maria Cristina sempre ficam de lado. Numa noite que está preso no escritório, recebe a visita de um ex paciente o que faz a história ganhar outra dimensão. Ele tenta decifrar uma mensagem trazida por ele e nesse mesmo dia, ele perde sua esposa e ganha uma outra mulher. Insano? Foi um dos motivos pelo qual me interessei em ler o livro. Afinal, 24 horas na escrita de Lídia são bem longas e reveladoras.
Sobre Lídia Jorge
LÍDIA GUERREIRO JORGE nasceu em Boliqueime, Loulé a 18 de Junho de 1946. Concluído o curso de Filologia Românica, dedicou-se ao ensino liceal (Angola, Moçambique e Lisboa). Publicou os romances O Dia dos Prodígios (1980, Prémio Ricardo Malheiros), O Cais das Merendas (1982, Prémio Literário Município de Lisboa), Notícia da Cidade Silvestre (1984, Prémio Literário Município de Lisboa), A Costa dos Murmúrios (1988), A Última Dona (1992), O Jardim Sem Limites (Prémio Bordalo, 1995), O Vale da Paixão (Prémio D. Dinis, 1998), O Vento Assobiando nas Grutas (2002, Grande Prémio do Romance e Novela da APE/DGLB), Combateremos a Sombra (2005, Prémio Charles Bisset) e A Noite das Mulheres Cantoras (2011); os livros de contos A Instrumentalina (1992), Marido e Outros Contos (1997), O Belo Adormecido (2004) e Praça de Londres (2005); a peça de teatro A Maçon (1993) e o ensaio Contrato Sentimental (2009). Os seus romances são constituídos por vários planos narrativos, onde o fantástico coexiste com o real, e os problemas sociais colectivos são postos em relevo através de figuras humanas com dimensão metafórica e mítica.
Capas pelo mundo
Narrativa
A trama proposta por Lídia é linear, porém, ela pode causar um pouco de estranheza pela forma como é feita. Embora seja linear, a sensação de inacabado é constante. Até após leitura. Você acaba por procurar um fato ou uma explicação pelos acontecimentos mas isso não acontece de forma direta. É um livro inquietante e ao mesmo tempo bem simples e fácil de ser lido. Não tive dificuldades de leitura com a linguagem. Se eu esperava mais do livro como um todo? Sim. Mas a leitura e os personagens que vão sendo rabiscados na trama vão atiçando uma curiosidade que perdura até o fim.
Diagramação
O trabalho gráfico da Leya, ficou bom. A proposta do livro tem tudo a ver. As capas (francesa e portuguesa) usam da mesma imagem mais em destaques diferentes. Confesso que a edição brasileira ficou mais marcante.
Considerações Finais
É a primeira leitura que faço de um livro da autora. Pretendo ler outros e tentar desvendar a sua assinatura. Gostei da proposta conflitante e a mescla entre o real e imaginário. Livros mais psicológicos são muito bem vindos. Embora, não podem ser agradáveis a todos.