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Pauliceia de Mil Dentes – Maria José Silveira

Pauliceia de Mil Dentes – Maria José Silveira

Pauliceia de Mil Dentes

Edição: 1
Editora: Prumo
ISBN: 9788579272400
Ano: 2012
Páginas: 336

Pauliceia de mil den tes é um romance sobre uma cidade: a São Paulo de hoje. A ficção atual tem retratado mais o lado marginal e caótico dessa que é a sexta maior cidade do mundo, mas este – que é o sexto romance de Maria José Silveira – não se limita a isso. Seus personagens trabalham, amam, se alegram e entrelaçam suas complexas histórias no gigantesco painel que compõe a megalópole amada por uns, odiada por outros, com seus mundos diferentes que se interconectam em diversos momentos: no trabalho, nas ruas, no lazer, na cultura, no amor O romance se estrutura em torno de uma invasão a um famoso escritório de advocacia por um jovem de família tradicional paulista, que faz duas reféns: a ex-namorada, que o rejeitou, e a faxineira da firma. A história é contada por vários tipos de linguagem e vozes. A jovem refém, no entanto – de certa forma a protagonista do livro – é a única que não tem voz. Sua personalidade é criada através dos olhares dos outros envolvidos em sua história. Os capítulos são intercalados por cenas com personagens secundários que se conectam aos principais e mostram diferentes tipos de vida e dramas que se encontram e se afastam nas pulsões e movimentos da megalópole. Um romance tenso, denso, mostrando a diversidade e a vitalidade que sustentam a São Paulo de hoje. Com ele, a autora que ganhou o Prêmio APCA Revelação em 2002, por seu primeiro romance, completa 10 anos de carreira.

proibido

Introdução

Pauliceia de Mil dentes é um retrato muito bem elaborado da São Paulo que conheco. Os problemas sociais, a miscigênação, a falta de segurança pública, o repúdio ao governo que dorme enquanto o trabalhador sofre e é abordado de maneira nada singela. Pauliceia é uma água gelada na garganta. Também vale ressaltar que essa obra marca os 10 anos da carreira de Maria José, que começou sua carreira criando histórias para o público infantil e hoje dedica-se ao público adulto.

Narrativa

A trama de Maria José tem vários personagens que vão do advogado ao motoboy do psicólogo ao viciado. Não segue uma narrativa tradicional, mas os personagens tem uma ligação entre si. Um crime passional cometido por Arturito que mantém Tsuki refém. Há uma inserção de músicas que vai de Tom Jobim à Racionais. Ou seja, a obra é democrática, pois abrange todas as esferas sociais. Não só é discutido os problemas sociais como também ela trás pra narrativa um questionamento religioso. Sua veia antropológica exala bastante parte da narrativa o que acrescenta mais um ponto positivo e marcante dentro da história por ela contada. A capacidade da autora criar esses personagens tão próximos da realidade é muito bacana, pois chama o leitor pra sentir junto todos aqueles momentos presentes na obra. É tudo tão real, tão corriqueiro, tão visto que acaba se tornando realidade, embora seja uma obra de ficção. Uma das coisas que mais me fascina quando leio livros assim é que ficção e realidade são quase sinônimos para alguns autores, mas são poucos que fazem isso de modo tão sutil.

Quote favorito

“Teria que se acostumar com a insônia das noites em que acordava chorando e pensando que poderia pelo menos ter tentado uma coisa qualquer que fosse, mas não deu tempo, não deu tempo, ela acreditou na bomba, acreditou mesmo, sempre foi boba, muito fácil de enganar, e não foi capaz de tentar nada. Nada.” – 222

Considerações Finais

Definitivamente, Maria José Silveira é uma autora muito madura, pois o livro trás vários tipos de linguagem e de narrativa o que faz com que ele seja a mesma mescla que vemos ao morar em São Paulo, essa miscelania de cores, gostos e experiências. Um prato cheio para os realistas. Que buscam uma literatura voltada em questões sociais econômicas. Os problemas em São Paulo também fazem parte da cultura advinda dessa miscelania. Pauliceia é um choque demográfico, econômico e moral.  Acredito que essa seja a grande verdade da cidade de São Paulo.

Para quem quiser tomar conhecimento da escrita da autora, passeie pelo blog da Maria José Silveira, lá encontrará textos interessantíssimos que podem agradar.

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Aymée Meira
Aymée, mas pode me chamar de Amy. Adora um bom café, filmes (já perdi a conta de quantos vi) e livros dos mais diversos gêneros, incluindo eles Stephen King, Agatha Christie, Joe Hill, Harlan Coben e Tess Gerritsen.

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1 Comentário

  1. Aymée, não sei exatamente pq, mas quando li o quote me deu um aperto no coração…acho que é pq qd leio, me entrego de alma àquilo que estou lendo…
    Enfim, escrevi uma mensagem de fim de ano lá no blog e gostaria muito que vc pudesse ler.
    Beijinhos no coração e muito obrigada por nossa parceria!
    http://marlicarmenescritora.blogspot.com.br/

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