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The Gifted: Salvo pela Família

The Gifted estreou recentemente na Fox e traz consigo um estilo muito parecido com séries de televisão de super-heróis: cenas que lembram filmes de grande orçamento, mas que claramente não tem o dinheiro suficiente para criar algo que realmente pareça real. O resultado é uma fotografia competente com efeitos especiais que deixa a desejar. Em produções que lidam com superpoderes, isto pode dificultar a crença da realidade no universo criado pelos produtores e cineastas, que dependem de outras características para agradar o público.

Geralmente, a melhor maneira de esconder efeitos baratos é desenvolvendo um enredo tão bom que o público não liga para mais nada a não ser os personagens. Isto pode ser difícil de conseguir, mesmo quando a produção é baseada em obras já conhecidas e que possuem milhares de fãs. E há vários exemplos disso na televisão e, mais recentemente, em serviços streaming de vídeo como a Netflix.

 

Não é difícil lembrarmos de Punho de Ferro que, como o seriado The Gifted, é baseado em personagens do universo Marvel. Nesta série do super-herói, a falta de coerência no tipo de poder do personagem principal, Danny Rand, interpretado por Finn Jones, acaba apontando para as partes mais fracas da produção: os efeitos especiais baratos e a atuação um pouco arrogante do personagem principal. O resultado foi que, vindo depois de outros títulos de sucesso como Jessica JonesPunho de Ferro foi rejeitado quase que imediatamente pelo público.

The Gifted se parece bastante com estas outras produções. Tanto sua fotografia como seus efeitos especiais deixam (bastante) a desejar. Além disso, os tipos de muitos dos personagens são bem conhecidos do público, podendo facilmente levar ao tédio em um mundo onde é fácil não somente mudar de canal, mas também procurar outra forma de entretenimento online.

Porém, aqueles que são vidrados por super-heróis e mutantes além de, consequentemente, serem pacientes para aguentar e assistir um enredo clichê até a metade do primeiro episodio de The Gifted, irão ver que a qualidade da série melhora. O segredo para esta melhora: a família.

 
 

Muito do universo Marvel é baseado em mutantes que, sendo humanos que evoluíram e possuem habilidades especiais, são menosprezados e caçados pelos humanos sem poderes. Desta maneira, obras como X-men são baseadas em histórias onde mutantes do bem lutam pela sua aceitação na sociedade humana, além de outros mutantes que querem dominar o mundo e/ou humanos que querem elimina-los. Porém, The Gifted conta uma história diferente.

O grande atributo deste novo seriado é a sua capacidade de contar a história de mutantes tanto do ponto de vista mutante como do ponto de vista dos humanos. E o modo como isto foi atingido é devido a criação de um enredo onde um pai de família, Reed Strucker (interpretado por Stephen Moyer) anteriormente servia a sociedade contra os mutantes e agora precisa proteger seus filhos adolescentes (interpretados por Percy Hynes White e Natalie Alyn Lind) mutantes recém-descobertos. A partir daí a série ganha fôlego e promete mostrar algo novo e criativo.

No universo Marvel onde mutantes geralmente contam consigo mesmos, a introdução de uma família onde pais humanos ajudam filhos mutantes deixa o conhecido universo ainda mais complexo e empolgante.

Daniel Bydlowski é cineasta brasileiro com Masters of Fine Arts pela University of Southern California e doutorando na University of California, em Santa Barbara, nos Estados Unidos. É membro do Directors Guild of America. Trabalhou ao lado de grandes nomes da indústria cinematográfica como Mark Jonathan Harris e Marsha Kinder em projetos com temas sociais importantes. Seu filme NanoEden, primeiro longa em realidade virtual em 3D, estreia ainda este ano de 2017.

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Aymée Meira
Aymée, mas pode me chamar de Amy. Adora um bom café, filmes (já perdi a conta de quantos vi) e livros dos mais diversos gêneros, incluindo eles Stephen King, Agatha Christie, Joe Hill, Harlan Coben e Tess Gerritsen.

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